O frontman do Avenged Sevenfold, M. Shadows, entrevistou os membros do Metallica, Lars Ulrich (bateria) e James Hetfield (vocal, guitarra) para a última edição da revista Revolver, antes do show da banda em Gelredome, Arnhem, Holanda, em 8 de Junho de 2006. Seguem alguns trechos da conversa:
M. Shadows: Por que vocês decidiram não trabalhar com Bob Rock no novo álbum? Como está o trabalho com Rick Rubin?
Lars Ulrich: "Nós acabamos de começar, sério. 'St. Anger' foi meio que um experimento isolado, onde escrevemos e gravamos tudo ao mesmo tempo no estúdio. Mas nós meio que voltamos ao modo como fazíamos antes de 'St. Anger', que é mais ou menos a fase de composição e então a fase de gravação. Ao contrário do que pensam, não estamos na fase de gravação ainda - estamos apenas compondo. Nós tivemos apenas meia dúzia de encontros com Rick, e ele só vem e ouve. Nós estamos nos conhecendo ainda. Quando começarmos a fase de gravação, o que espero que aconteça neste outono [primavera brasileira], é que quando a sua grande opinião entrará. Em 1990, quando começamos a trabalhar com Bob, foi porque Bob tinha feito os melhores álbuns de rock que estavam saindo naquela época - Mötley Crüe, David Lee Roth, The Cult - e ele estava envolvido na engenharia de todos os álbuns do Bon Jovi. Tudo que estava acontecendo no final dos anos 80 tinha a ver com Bob Rock. E agora, tudo que é bom no rock - das gravações do Slipknot as do System of a Down as do Chili Peppers as do Mars Volta, e até do Johnny Cash e do Neil Diamond - tudo tem a ver com Rick Rubin. A mesma coisa que nos trouxe a Bob 15 anos atrás é meio o que nos trouxe a Rick. Nós queremos trabalhar com o cara que sabe o que faz. E Bob foi o primeiro a apoiar isto, falando, 'olha, eu não sei mais o que eu posso oferecer depois de 15 anos'. Nós terminávamos a frase um do outro. Nós sabíamos o que ele ia dizer, e ele sabia o que nós falaríamos. Nós fizemos o que, cinco álbuns com ele? E ele realmente tem sido o quinto membro da nossa banda pelos últimos 15 anos. Por mais doloroso que possa ser, ter o apoio dele primeiro foi muito importante para nós. Então, até agora, tudo tem sido ótimo."
M. Shadows: A música mudou muito desde que vocês começaram, e eu tenho certeza que suas influências também mudaram. O que os motiva a continuarem tocando e quais são as suas influências atuais na música e na vida como um todo?
Lars Ulrich: "Honestamente, são vocês, caras. Sério! Vocês tocam músicas que nos inspira, e eu eu agradeço todo o carinho que recebemos de todos vocês, do Trivium, do Bullet For My Valentine - todo mundo. Isso que nos inspira - ouvir pessoas re-re-reinterpretando o que nós fizemos da mesma forma que nós re-reinterpretamos Black Sabbath e tudo daquela época. Vocês cospem coisas de volta na nossa cara, e é isso que nos mantém de pé e vivos. Nós somos só fãs de músicas, e a razão pela qual fazemos o que fazemos é porque amamos música. Nós sempre ouvimos coisas novas e tentamos fazer o melhor que nossas habilidades conseguem. E eu diria que só de estar em um meio musical que continua reinventando a si mesmo e ser estimulante é o que nos inspira. Nós fazemos isso por tanto tempo. Tem tantos altos e baixos e tantas relações dinânimas. E eu acho que o que realmente nos inspira agora é que estamos nos dando bem, estamos realmente nos divertindo. Como você pode ver, não há um psiquiatra por perto - não tem toda essa porcaria rolando. Phil [Towle, que participou das sessões de terapia em grupo mostradas no documentário de 2004, 'Some Kind of Monster'] disse o tempo todo que todo o trabalho que estávamos fazendo três, quatro anos atrás, apareceria no próximo álbum, não no 'St. Anger'. E é realmente verdade - ir todo dia ao estúdio para compor e ver esses caras, é divertido de novo. Não é tipo, 'agora eu tenho que lutar com James Hetfield todo dia', entender o que eu falo? E está aparecendo em tudo - o modo como tocamos no palco e toda a vibração."
James Hetfield: "Sim, com certeza. O fato de não sabermos nosso potencial, ainda buscamos por aquela coisa final - 'nunca satisfeito' é tanto uma maldição quanto uma benção, sabe? A próxima música que você escreve sempre será a melhor da sua carreira. E bandas como a sua estão fazendo com que nos avançassemos e nos lembrássemos das raízes das quais viemos. Também, estar com o Rick Rubin, outra entidade. É como 'imagina se o Metallica gravasse com Rick Rubin? Nossa, como seria?'. Tem muita coisa que não foi gravada, e não sabemos até onde podemos ir até tentarmos. Além disso, quando você evolui em sua vida, você ouve música de forma diferente de quando era mais novo. Músicas daquela época tem um sentido totalmente novo e te inspiram de maneira totalmente diferente - principalmente as letras."
M. Shadows: Como ter uma família mudou a vida de vocês na estrada?
James Hetfield: "Mudou muito. Só por ficarmos fora por muito tempo, eu não consigo. Eu simplesmente não farei isso. Eu não quero perder meus filhos crescerem, sabe? E se estivermos fora - como no Download Festival que é no aniversário da minha filha, nós pegaremos ela mais cedo da escola e trazemos para cá. Coisas como essas são muito importantes - você não tem uma segunda chance nisso. Isso não quer dizer que os shows sempre estarão lá para nós também, mas existe uma prioridade ali. E ter eles vivendo junto... Realmente, introduzi-los uns aos outros foi muito importante. Sabe, 'família, esta é a banda! Banda, esta é a família! Vocês viverão juntos, então é melhor se darem bem'. Então está indo muito bem. E o fato de Lars e eu estarmos na mesma posição, com crianças e o tempo fora e as prioridades - é o que nos ajuda com esta banda. Eu acho que se estivéssemos diferentes nisso, seria muito difícil fazer qualquer coisa. [Risos]"
Lars Ulrich: "Pois é, costumava ser Metallica, e agora é família e Metallica. Como James disse, isso também nos ajudou em nosso relacionamento, pois nossos filhos tem a mesma idade. Nós temos muitas diferenças - as coisas que compartilhamos com o Metallica e a família - coisas tão pequenas como isso realmente nos ajudou a nos darmos melhor e co-existirmos, e isso faz o Metallica melhor. Algumas semanas atrás, antes de virmos para cá, nós fizemos um pequeno churrasco do Memorial Day. O filho dele e meu filho estavam jogando air hockey juntos, e eu estava como, 'Uau, isso é realmente legal - as crianças estão se dando bem!'. O fato delas poderem co-existir no mesmo espaço torna tudo bem mais fácil. Você perguntou sobre a vida na estrada, e obviamente os dias de turnês intermináveis, de bebedeiras e clubes de strippers e toda essa porcaria - é uma coisa diferente. Antes, era ficar na estrada o máximo que pudesse - como 'eu não quero ir pra casa! Eu quero ficar fora e sair toda noite!'e agora são duas ou três semanas no máximo, e você tem que voltar e lidar com a realidade. Quando eu tinha a sua idade, eu pensava, 'Hã, ter filhos? Ugh!' mas eu sinto orgulho de dizer que tivemos filhos e ainda podemos tocar como nunca no palco. Eu sei que é cliché, e eu sei que soa besta para algum carinha de 19 anos, mas nós estamos tocando mais pesado hoje do que há muito tempo, e tocando melhor."
A entrevista completa com Ulrich e Hetfield pode ser conferida na edição de Setembro da revista Revolver.
fonte (em inglês): Blabbermouth.net
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