O guitarrista do Metallica, Kirk Hammett, foi entrevistado pela revista Revolver a respeito de como encontrou Reed no 25o. aniversário do Rock and Roll Hall of Fame que levou o Metallica a fazer o álbum que os forçou para fora de sua zona de conforto. Confira abaixo alguns trechos da conversa.
Revolver: Lou Reed influenciou o Metallica, musicalmente, antes disso? Hammett: Esta é uma pergunta bem, bem interessante, porque a pessoa que me fez ligar em Velvet Underground foi Cliff Burton. Ele ouvia Velvet Underground. Ele começou ouvindo ao Velvet Underground na turnê do Ride the Lightning, e eu e ele dividimos um quarto. Então nós dividíamos as vezes de DJ e tocávamos várias coisas. E ele sempre colocava a mesma coisa. Ele sempre colocava Misfits [risos], Lynyrd Skynyrd, Velvet Underground, Dictators, e Creedence Clearwater Revival. Dito isso, eu sempre fui um grande fã de Velvet Underground, desde que o Cliff me apresentou a banda.
Você precisa realmente entender o Velvet Underground em contexto, para realmente apreciar o que eles fizeram. Eles estavam escrevendo músicas, e Lou estava escrevendo letras que não havia precedentes antes deles. Para mim, isto ganha o maior respeito, pois você pode quase falar isto sobre o Metallica. Antes da gente, não havia precedente para aquilo que fizemos. Nesse ponto, claro, uma grande influência. Eles são de fora, o Velvet Underground, da mesma forma que o Metallica era de fora naquela época, e ainda é de certa forma atualmente. Então, é isso [risos], Lou é o punk original. Ele é verdadeiramente o punk original. Ele explorou toda aquela atitude punk. Está no Metallica agora, porque compartilhamos um pouco daquela ética punk. Nós sempre fizemos isso e ainda fazemos um pouco hoje, eu diria. Nossa atitude meio que de foda-se-tudo. [risos]
Revolver: É interessante que, 25 anos após sua morte, Cliff ainda afeta o que vocês fazem. Hammett: Sabe, você está absolutamente correto. Eu nunca pensei muito ou olhei desta forma. Mas sim, ele ainda está nos afetando e ele ainda tem uma influência em nós, o que é bem surpreendente.
Revolver: Como vocês mudaram a música das demos de Lou? Hammett: Nós estávamos bem soltos. As demos eram basicamente... A maioria das letras estava lá, eu diria que 95 porcento das letras estavam lá. Mas então você teria alguns acordes por trás das letras, ou ele teria um tipo bem definitivo de melodia que corria pela música. Uma melodia que ia por esses acordes e basicamente nós pegamos o que estava lá e meio que colocamos riffs nisso, e fizemos com que crescesse e virasse outra coisa. Foi bem fácil, porque foi. [risos]
Revolver: O que vocês fizeram que foi aventureiro no estúdio? Hammett: Para mim, a grande coisa era que Lou Reed não gosta de solos de guitarra, e eu sou um guitarrista solo. Eu tive que chegar com um jeito totalmente diferente, então eu toquei muita guitarra sintetizada, muita guitarra Moog. E eu toquei muito eBow na minha guitarra. Eu parti dessa forma e funcionou brilhantemente porque estávamos vindo com sons e texturas que se encaixavam no clima como um todo das letras e músicas. E era basicamente o que nós estávamos tentando alcançar. E Lars fez muita coisa de bateria totalmente experimental. James estava bem, bem feliz sobre o fato de que ele não tinha que escrever uma tonelada de letras e cantar cada letra para cada música. O Rob também estava curtindo totalmente. Ele estava totalmente e completamente nisso. Foi uma situação bem legal para nós e foi bem, bem confortável. Foi bem legal.
Revolver: Você está preocupado em como os fãs do Metallica receberão o álbum? Hammett: Foi uma jornada criativa que nós precisávamos embarcar para nós mesmos, e eu diria que não é para todos. Definitivamente não é para todos. Se você conseguir se ligar, eu diria que é uma coisa ótima. Mas se você não conseguir se relacionar com isso, está tudo bem também, porque realmente não é para todos. Eu até arriscaria dizer que alguns fãs do Metallica amarão isto, e que alguns fãs do Metallica odiarão. Eu não quero estar seguro nem nada, mas isto é o que eu realmente sinto. Este não é um álbum muito acessível. É artístico de várias formas, mas é algo que nós queríamos atingir criativamente. E é algo que nós queríamos ver onde que iria chegar, onde poderíamos levar. E é principalmente um desafio artístico para nós, e estamos apenas convidando todo mundo para a festa. De verdade, isto é o que é.
A entrevista completa, em inglês, pode ser lida clicando aqui.
Agradecimentos: Waneska Candido
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