Paul Liberatore do Marin Independent Journal conduziu uma entrevista com o guitarrista/vocalista do Metallica, James Hetfield antes do show de hoje a noite (sexta-feira, 11 de Setembro) num show beneficente na Califórnia. Alguns trechos da entrevista podem ser conferidos abaixo.
Sobre o primeiro show em sua terra natal, em benefício do projeto Martin Rocks do Marin History Museum nos dois mil lugares, esgotados, do Marin Veterans Memorial Auditorium:
Hetfield: "Nós nunca fizemos um show público. Eu não sei porque. Provavelmente porque não há muitos locais para tocar em Marin que sejam grandes o suficiente para comportar pessoas. Mas nos últimos anos, basicamente depois do 'St. Anger', nós começamos a entrar mais em trabalhos públicos, dar de volta para a comunidade, descobrir o quão bom isso é."
Sobre o projeto Marin Rocks, no qual James imagina um local para os jovens expressarem seus sentimentos, raiva e alienação através da música, tal como ele fez no Metallica:
Hetfield: "Crescer lutando em uma família disfuncional e ser capaz de tornar a música minha válvula de escape, terapia e salvadora é precioso para o meu coração. Então introduzir crianças na música e ter um lugar limpo e seguro para a juventude de Marin entrar e tocar, falar sobre seus problemas e escrever músicas juntos realmente me excita."
Sobre equilibrar o Metallica e a vida familiar no período de reabilitação durante a gravação do álbum de 2003 St. Anger:
Hetfield: "Até aquele instante, o Metallica comandava tudo em nossas vidas e qualquer outra coisa era secundário. Mas aquilo não fazia mais sentido. Nós tínhamos que equilibrar isso corretamente ou então um dos dois iria embora. Então, obviamente, minhas prioridades entraram em ordem. A família subiu para o primeiro lugar. A serenidade desse local onde moramos tornou-se bem mais importante para mim. Quando eu estou em casa, curtindo a minha família, não há nenhum outro lugar em que eu gostaria de estar. E, logo em segundo lugar, tocar com os caras.'
Sobre a área de 500 acres em San Rafael onde ele vive com a sua esposa, Francesca e seus três filhos, Cali, Castor e Marcella de idades 11, 9 e 7 anos, respectivamente:
Hetfield: "Minha esposa Francesca tem sido a pessoa mais incrível da minha vida. Ela segurou grandes ondas comigo. Nós passamos por momentos extremamente difíceis e saímos mais fortes. Ela ficou comigo durante todo o inferno. Quando eu a conheci, eu soube que ela seria a pessoa que me tiraria desse buraco infernal. E ela o fez. Houve um ponto onde ela se levantou por nossa família e disse, 'Você tem que sair disso. Você tem que mudar. Eu não vou submeter a mim ou aos meus filhos a isso.' Medo é uma grande motivação. Eu tive problemas com abandono porque eu já tive uma família que desintegrou. Eu não queria que outra desintegrasse."
Sobre o show de hoje a noite ser uma das raras aparições públicas de Hetfield em sua cidade natal:
Hetfield: "Eu não sou o cara mais sociável que você vai encontrar. Eu gosto do meu espaço. Eu gosto da minha privacidade. Eu sou um pouco diferente. Não é como. 'Vamos nos juntar em uma grande sala e tocar.' Eu gosto da minha paz e sossego aqui. Isso me permite fazer o meu barulho e criar sozinho e então, quando a banda se reúne, nós levamos isso para outro nível."
Sobre como as vezes fãs se recusam a separar o deus do rock do pai de família:
Hetfield: "Quando você está andando por aí, as pessoas esperam que você seja aquela pessoa do palco e você não é. Eu não vou gritar foda-se e pular pra cima e para baixo e fazer caretas quando eu estou saindo com a minha família para jantar."
Sobre poder sair pela cidade sem ser muito incomodado:
Hetfield: "É muito fácil em Marin. A maioria das pessoas que me param são muito educadas e dizem coisas como, 'Ei James, e aí?' É bem assim. As pessoas que ficam admiradas ou grudentas são turistas e eles associam a viagem para Martin a mim. O resto das pessoas me veem como um morador desse condado. É muito fácil retribuir e ser igual."
Sobre ver-se gerando publicidade negativa ano passado quando trilheiros reclamaram sobre uma cerca de metal que Hetfield levantou em sua propriedade para proteger sua privacidade e evitar vandalismos:
Hetfield: "Oh, você quer dizer o muro de Berlin? É assim que chamamos isso agora. Nós ainda estamos negociando o que irá ser melhor para nós, o condado e todo mundo. Nós queremos chegar a uma decisão boa e respeitável. Há muitos lugares ótimos para fazer trilhas. E eu certamente não estou fazendo nada de propósito para encher o saco das pessoas. Como eu disse, eu gosto da minha privacidade. Eu não gosto de recolher lixo. Eu não gosto de ter que tomar cuidado com paparazzi ou qualquer coisa que eles possam ser. Eu gosto de encontrar pessoas e me divertir. Então nós estamos tentando ter certeza que haverá uma trilha onde as pessoas serão capazes de aproveitar espaços abertos e divertir-se. E ao mesmo tempo eu serei capaz de proteger a minha paz de espírito. Nós estamos trabalhando nisso."
Sobre como o Metallica parece estar amadurecendo conforme seus líderes envelhecem e seus filhos são grandes o suficiente para ir aos seus shows:
Hetfield: "Pra mim, é muito importante mostrar que no passado eu podia dizer foda-se a cada palavra. Eu ainda adoro usar essa palavra. É uma palavra poderosa. Mas eu não quero destacá-la o tempo todo porque eu não iria querer levar uma criança onde tem o cara boca-suja. Eu quero que a música seja o que eles lembrem. Ou quando o cara no palco inclinou-se e deu a eles uma palheta. Ou sorriu para eles. Ou viu eles cantando junto e aprovou isso. É algo assim que eu quero que a juventude lembre."
A entrevista pode ser lida, em inglês, na íntegra clicando aqui.
Agradecimentos: Lady Justice Fonte (em inglês): Blabbermouth.net
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