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Mick Wall: "O Metallica provou que o heavy metal pode ser sério e inteligente"

   08 de Abril de 2012     tags: mick wall, entrevista      Comentários

O sucesso que o Metallica fez desde o começo de sua carreira nunca foi igualado por nenhuma outra banda de heavy metal. Depois de estabelecer as regras do gênero que ficou conhecido como thrash metal (uma mistura do rock feito por bandas inglesas como Iron Maiden, Judas Priest e Mercyful Fate com a energia do punk) com quatro discos hoje considerados clássicos absolutos, a banda provou que o heavy metal podia ser rentável. Em 1991, lançaram Metallica, conhecido como Black Album, um dos discos mais vendidos de todos os tempos. A mudança na sonoridade trouxe muitos fãs novos, mas fez com que alguns, mais radicais, se afastassem do grupo. O ponto mais baixo da carreira do Metallica veio com a gravação do disco St. Anger. Brigas internas, integrantes sofrendo de dependência química e falta de inspiração quase puseram um fim na banda. Mas eles se reergueram e lançaram outros álbuns, incluindo o polêmico Lulu, colaboração com Lou Reed, famoso por liderar o Velvet Undergroud na década de 1960. O disco foi considerado um dos piores de todos os tempos por críticos e fãs. Agora, eles preparam um novo lançamento, produzido por Rick Rubin, lendário produtor de heavy metal e hip-hop, e criaram um festival próprio, o Orion Music and More. Toda a trajetória dessa banda é contada no livro Metallica - A biografia (Globo livros, 472 páginas, R$ 49,90), escrito pelo jornalista Mick Wall.

Confira a entrevista com o autor.

ÉPOCA - Para alguém que nunca ouviu uma música do Metallica, como você descreveria a importância da banda para a história da música?
Mick Wall - Um grande ponto de virada na história do heavy metal. O Metallica mudou o jogo para cada banda de rock e metal séria que veio depois. De maneira mais ampla, eles mostraram que era possível sair do "gueto" do metal e fazer outros tipos de música. Eles provaram que o metal pode ser sério, inteligente e desafiador - a ponto de custar fãs à banda em alguns casos.

ÉPOCA - Na sua opinião, o Metallica ainda é relevante hoje?
Wall - Claro. Apenas o disco com o Lou Reed já prova que eles ainda são a banda de metal mais interessante, desafiadora e imaginativa do mundo.

ÉPOCA - Lulu recebeu críticas extremamente negativas da imprensa e dos fãs. Qual é sua opinião sobre o disco?
Wall - É uma obra-prima. Não foi feito para fãs de heavy metal e não foi entendido e tolerado por muitos deles. Mas para quem entende o trabalho de Lou Reed, é uma obra de arte assombrosa. É algo que as pessoas ainda estarão debatendo daqui a 25 anos - quando finalmente será reconhecido como uma obra-prima.

ÉPOCA - O Metallica tem fãs bastante leais, mas nos últimos tempos a banda sofreu críticas severas. Como eles lidam com essas críticas?
Wall - Eles passam por cima delas com facilidade mudando de novo e lançando discos que trazem de volta seus fãs mais radicais. O próximo álbum que vão lançar será produzido por Rick Rubin, responsável pela produção de Death Magnetic, e nesse verão (inverno no Brasil) eles vão tocar o Black Album na íntegra em grandes festivais. O Metallica é esperto demais para não saber como jogar para ganhar.

ÉPOCA - Você encontrou diversos músicos em sua carreira como jornalista. Por que decidiu escreveu sobre o Metallica?
Wall - Porque a história era ótima. Eu quase escrevi um livro sobre eles em 1995, mas agora digo que fico feliz por ter decidido esperar. Eles passaram por tantos altos e baixos, pessoais e profissionais, e estiveram na encruzilhada da história do rock tantas vezes, que tudo isso estava apenas esperando para ser escrito. Nenhuma biografia literária séria sobre a banda havia sido escrita, então essa foi outra razão. Esse não é um livro de fã, escrito para agradar a banda. Esse é um livro escrito para pessoas que gostam de obras bem escritas sobre vidas humanas complicadas. A música é quase secundária.

ÉPOCA - Qual foi a maior dificuldade que você encontrou enquanto escrevia o livro?
Wall - Por conhecer os membros da banda pessoalmente por 25 anos, e por ter tido a sorte de encontrar tantas pessoas que participaram da história do Metallica que vieram falar francamente comigo, a maior dificuldade foi pensar na história de maneira clara. Eu nunca quis regurgitar o que outros livros e artigos haviam falado sobre o grupo, porque a maioria dessas histórias são inverdades. Eu também não quis confiar apenas na minha experiência, no que escrevi sobre eles ao longo dos anos. Quis começar do zero, como se nunca tivesse escrito uma linha sobre eles antes. Para encontrar uma verdade honesta e clara. Isso leva tempo - muito tempo - mas valeu a pena no final.

ÉPOCA - Você escreveu um livro sobre o Led Zeppelin também. Você vê alguma relação entre as duas bandas?
Wall - Suas histórias são parte de uma história maior sobre o rock dos últimos 50 anos. Mas o Led Zeppelin escreveu o livro de regras e ajudou a desenhar os mapas. O Metallica, especialmente por meio de Lars Ulrich, conseguiu tirar vantagens dessas regras.

ÉPOCA - Você pode contar algum segredo que você descobriu enquanto escrevia esse livro que te você perceber que o esforço na pesquisa não foi em vão?
Wall - São tantos que não tenho como entrar em detalhes. É suficiente dizer que o livro é sobre eles e você realmente precisa ler o livro para entender o que estou falando. Essas coisas não podem ser explicadas da maneira certa em poucas linhas. Você nunca vai ler nada assim sobre o Metallica.

Fonte: Época

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Autor comenta sobre seu livro sobre Metallica

   29 de Agosto de 2011     tags: mick wall, entrevista      Comentários

Steven Ward do PopMatters realizou recentemente uma entrevista com o renomado jornalista inglês de rock, Mick Wall, sobre seu livro recém lançado, "Metallica: Enter Night - The Biography". Alguns trechos da conversa podem ser conferidos abaixo.

PopMatters: Você faz algumas ressalvas sutis no livro de que Cliff [Burton, ex-baixista do Metallica] não teria gostado que a banda tivesse prosseguido tão rapidamente com seu substituto. Eu acho que você fez uma piada sobre [o guitarrista do Metallica] Kirk [Hammett], quando ele te diz em uma entrevista que Cliff teria gostado que fosse dessa forma. Mas durante uma das últimas entrevistas de Cliff, ele não fala sobre Lars [Ulrich, bateria] morrer, e então diz que a banda continuaria e prosseguiria?

Wall: Eu não acredito que as ressalvas tenham sido sutis, na verdade. Eu acredito que o que eu disse é inequivocado. A banda não continuou só porque "Cliff gostaria que fosse assim", que foi o que eles falaram na época. Eles continuaram pois o que mais poderiam fazer? Caras como Lars e James [Hetfield, guitarra/vocais], que começaram a banda antes do Cliff entrar, certamente não jogariam a toalha enquanto suas carreiras estavam começando a decolar, mesmo que amassem Cliff.

PopMatters: Como a pergunta sobre o Cliff, você acha que o Metallica teria feito tanto sucesso se mantivessem Dave Mustaine na banda?

Wall: Eu acho que o fato de Dave Mustaine ter sido despedido da banda permitiu que o Metallica se tornasse muito mais focado. Permitiu que a mesma coisa acontecesse com Dave, por motivos diferentes. O resultado foi duas bandas incríveis, ambas de grande sucesso.

PopMatters: Existem outros livros sobre o Metallica, incluindo um muito bom do escritor da Metal Hammer, Joel McIver. Você escreveu o livro porque achou que já era tempo que alguém fizesse uma biografia mais completa, que não fosse tão feita por fã? Obviamente, você não poderia ter escrito este livro se ele fosse autorizado pela banda, certo?

Wall: Eu não escrevi o livro para os fãs, e eu não escrevi para a banda. Eu escrevi como eu escrevo todos os meus livros - para aqueles que gostam de bons livros. A história do Metallica é fascinante. Melhor que ficção. Eu achei que era tempo para uma biografia literária de verdade, que tivesse sido escrita para adultos.

PopMatters: Eu fiquei surpreso de aprender alguns detalhes sobre a banda em seu livro - James liderando uma banda glam de L.A. sem uma guitarra para se esconder (eu não consigo imaginar); a banda ouvindo Peter Gabriel e The Police no ônibus de turnê (não muito metal); e, principalmente, Lars ser um baterista tão ruim e ter aulas até a época do "Master of Puppets". Houve algo que te surpreendeu durante sua pesquisa?

Wall: Na verdade, não. Você precisa entender que quando eu os encontrei pela primeira vez, eles eram crianças, quase 30 anos atrás. A amplitude do interesse musical deles não era nenhuma surpresa. É uma das razões pela qual eles não acabaram como o Slayer ou o Iron Maiden. Como um todo, no entanto, tudo sobre a história me surpreendeu. A coisa principal sobre meus livros é absolutamente não repetir o que todo mundo já disse. Para realmente pensar sobre as coisas. De falar com aqueles que estavam lá, ajudando a tomar decisões chaves, e descobrir o que estava realmente rolando, não o que os escritores-fãs dizem ter acontecido. É tudo sobre as nuâncias. Eles precisam contar suas próprias histórias e como autor, você precisa prestar atenção e tentar entender, mesmo quando elas parecem não fazer sentido inicialmente para você.

A entrevista completa pode ser lida, em inglês, clicando aqui.

Fonte (em inglês): Blabbermouth.net

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