Entrevista a Revista Q: Parte 2

Os Invencíveis
Originalmente publicada na revista Q em inglês – Julho de 2007
Tradução em português feita por MetalRemains.

James Hetfield e Lars Ulrich contaram a história de como se encontraram tantas vezes que Ulrich destilou suas diferenças em 11 palavras: "Ele era o tímido, eu era o que não tomava banho. "

Hoje, vestindo uma camiseta branca, jeans escuro e um tênis Converse preto, Hetfield parece como se devesse estar carregando uma caixa de ferramentas. Ele, como Ulrich, tem 43 anos, sua barba grisalha estilo pincel. Entrevistado em seu escritório no andar de cima, uma sala decorada predominantemente com arte automotiva personalizada, ele fala de forma lenta com a franqueza considerável que você esperaria de alguém que passou os últimos seis anos discutindo seus sentimentos em terapia e encontros em grupo em uma tentativa de combater seu alcoolismo. Informalmente, ele é mais reservado. A conversa não é difícil, mas ele precisa ser animado primeiro.

O gregário Torben Ulrich - pai de Lars e ex-tenista profissional - está no QG para acompanhar seu filho e dois netos em um jogo de basquete nesta noite. Ele demonstrará o quão tímido Hetfield era quando jovem ao se esconder atrás de uma coluna na cozinha. "Onde está James? Ele gostaria de um café?", ele pergunta, retoricamente. Espiando com sua cabeça, olhos no chão, ele murmura a resposta: "Sim, por favor, Sr. Ulrich."

Lars Ulrich é oposto polar de Hetfield. O baterista está raramente completamente vestido, estando ora meio vestido com roupas de corrida (ele corre diariamente), ora usando a combinação shorts e camiseta, sua favorita para tocar bateria. Ele mal pára para respira, seja demonstrando o elitismo do golfe ou recomendando um restaurante porto-riquenho em um sotaque que é cinco sextos do West Coast e um sexto escandinavo. "Acredite," diz ele, "você não vai sair querendo mais."

James Alan Hetfield nasceu em 3 de Agosto de 1963 em Downey City, Califórnia. Seus pais, Virgil e Cynthia, eram cientistas cristãos; sua religião pregava a cura espiritual e negava tratamento médico. Esta atitude mística a fisiologia significava que o jovem Hetfield não podia ir as aulas de saúde no primário, onde as crianças aprendiam as funções do corpo. Ao invés disso, ele ficava de pé no corredor. "Isto era muito alienante", diz ele hoje.

Lars Ulrich nasceu em Gentofte, Dinanaca, no Boxing Day de 1963. Filho único, ele cresceu em um ambiente rico e liberal, e viajou consideravelmente com seus pais amantes de música. Depois de ver Deep Purple quando ele tinha nove anos, ele se tornou um devoto apaixonado de rock e recebeu uma bateria de sua avó quando tinha 13.

Com a mesma idade, o pai de Hetfield, um motorista de caminhão, deixou sua família sem dizer adeus. Três anos depois, a mãe de Hetfield morreu de câncer que, devido a sua crença, não foi tratado. "Nós vimos nossa mãe nos deixar," diz ele. "Foi bem traumático." Ele se mudou com seu meio-irmão mais velho, David, um contador. Nos "planos" escritos em seu anuário do colegial, lê-se: "Tocar música, ficar rico."

Um promissor jogador de tênis, Ulrich foi enviado para um curso de seis meses na academia de Nick Bollettieri na Flórida - o centro de treinamento dos futuros campeões Andre Agassi e Monica Seles - em 1979. Ele logo percebeu que não possuía nem a disciplina nem a habilidade para chegar ao topo. Quando sua família se mudou para Newport Beach, na Califórnia, no ano seguinte, ele decidiu que seu futuro estava na música.

Ulrich e Hetfield se encontraram pela primeira vez em 1981, depois que o baterista colocou um anúncio procurando músicos em um jornal local. "Ele simplesmente não sabia tocar," disse Hetfield, então eles seguiram seus caminhos separados. Alguns meses depois, Ulrich conseguiu um lugar em uma compilação que um jornalista amigo estava lançando. Ele telefonou para Hetfield para ver se ele estava interessado. Desta vez, ele estava.

A dupla logo viu o que eles poderiam fazer um para o outro. "Ele era talentoso, mas tímido," diz Ulrich. "Ele compensou minha falta de talento."

Hetfield: "Ele tinha a motivação e a vontade que eu tinha. Eu estava procurando por pessoas com as quais eu podia me identificar."

O recém batizado Metallica fez sua estréia ao vivo em 14 de Março de 1982 na Radio City em Anaheim, Califórnia. Dalí um ano, o guitarrista original Dave Mustaine e o baixista Ron McGovney seriam substituídos por Kirk Hammett e Cliff Burton, respectivamente. O cantor tinha mais em comum com o peão Burton do que com o cosmopolita Ulrich, e a dupla se tendeu às armas, bebidas e Southern rock.

Alcoholica

Burton não queria viver em Los Angeles, então a banda se realocou para sua área, mudando-se para uma casa de dois quartos no subúrbio El Cerrito de São Francisco. Aqui eles satisfaziam sua paixão ao máximo. "Quero dizer, música era o combustível," diz Ulrich. "Álcool era o segundo, e garotas o terceiro. Álcool definitivamente era mais importante que garotas." O orgulho da banda pela bebedeira fez com que eles se apelidassem de Alcoholica.

Seu álbum de estréia, Kill‘em All, foi lançado em Julho de 1983. Sem apoio de rádio ou clipes, eles cresceram em terreno arenoso. "Nós tocávamos em qualquer lugar," diz Hetfield. "A banda das pessoas. Vá e entregue os bens."

O mais sofisticado Ride The Lightning saiu no ano seguinte. Visando o futuro de sua carreira, a banda se tornou cliente da Q-Prime, a companhia de gerenciamento que tomou conta de Def Leppard, e assinou um grande contrato nos EUA com a Elektra em 1984. No meio de 86 eles abriram para o Ozzy Osbourne em sua turnê americana, uma demonstração ideal de seu novo disco, Master of Puppets. Foi seu primeiro álbum a ser ouro nos EUA, vendendo 500,000 cópias ao final do ano. Mas o melhor ano do Metallica até então abruptamente se tornou o pior em sua história inteira quando o ônibus tombou em uma estrada deserta na Suécia, matando seu baixista.

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